Mais que uma nota, uma história: A arte do obituário em Belo Horizonte

 

Como escolher um agente funerário

Como um bom texto pode celebrar uma vida e confortar uma comunidade

 

 

O erro de não contar a história e a beleza de um último retrato bem pintado

 

Há uma diferença fundamental entre uma nota de falecimento e um obituário em Belo Horizonte. A nota informa a morte. O obituário celebra a vida. Tive o prazer de ler, em um jornal de grande circulação da cidade, o obituário de um professor que admirei muito. O texto não se limitava a dizer que ele partiu; ele contava uma história.

O desafio, e a arte, de um bom obituário é capturar o espírito de uma pessoa em poucos parágrafos. O erro é apenas listar suas realizações, como um currículo. Lembro de ler aquele texto, sentada na varanda com o jornal nas mãos, sentindo o cheiro do papel. O autor mencionava não só os livros que o professor escreveu, mas também seu humor ácido, seu amor por ópera e o jeito como ele gesticulava nas aulas. Eu sorri. Eu o reconheci ali.

A dica para quem tem a oportunidade de redigir ou encomendar um obituário em Belo Horizonte é: conte os “causos”. Revele as paixões. Mostre as pequenas idiossincrasias que tornavam aquela pessoa única. Qual a lembrança mais divertida? Que legado ele ou ela deixou para os amigos, para a cidade? Um bom obituário faz com que até quem não conheceu a pessoa sinta um lampejo de quem ela foi. É a última e mais bela crônica, um retrato final que conforta não só a família, mas toda a comunidade que foi tocada por aquela vida.