O valor do último leito: a sensível questão do preço do caixão em BH

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Entre a madeira e o veludo, o que realmente estamos escolhendo?
O erro de associar valor financeiro a valor afetivo e a importância do propósito
Nenhuma conversa é mais delicada e estranha do que a que envolve a escolha e o preço do caixão em BH. Você se vê num mostruário, olhando para caixas de madeira, e a sensação é surreal. Tive que passar por isso com minha família, no planejamento do meu avô. Meu tio, num impulso de amor e dor, apontou para o mais caro e ornamentado. “O pai merece o melhor”, ele disse.
O desafio é separar o amor do marketing do luto. O erro é cair na armadilha de que um caixão mais caro significa mais amor ou mais respeito. A gente se sente pressionado, julgado. “Se eu escolher um mais simples, vão achar que eu não me importava?”. Lembro do cheiro da madeira polida na sala de exposição, um cheiro limpo, mas que pesava no ar. E senti o peso daquela escolha para a minha avó.
A dica que nos guiou, e que eu adoto hoje como filosofia: a escolha deve refletir quem a pessoa foi, e não o poder aquisitivo da família. Meu avô era um homem simples, ecologista, que amava o mato. Depois da emoção inicial, minha avó, com toda a sua sabedoria, disse: “Seu avô ia achar um desperdício esse caixão todo trabalhado. Ele ia querer uma coisa simples, de madeira clara, que voltasse pra terra sem agredir”. A nossa decisão sobre o preço do caixão em BH mudou de foco. Não era sobre o valor, era sobre o propósito. Escolhemos um modelo mais simples, ecológico, que custou menos da metade do primeiro. E a sensação foi de uma coerência e de uma paz imensas. A homenagem estava na escolha, não no preço dela.